Não se trata de ensinar meninas e mulheres a terem mais cautela, zelo e recato, mas sim que meninos e homens sejam educados a respeitá-las, independentemente da circunstância em que se encontrem. Só assim parece ser possível acabar com a banalização dessa violência, por quem a comete e pela sociedade que observa passiva ou culpando a vítima. A educação pode ser a chave para transformação da "cultura do estupro" em uma realidade de respeito e equidade de gêneros.
Afirmações como a de Barbosa Filho servem para justificar o injustificável e são muito utilizadas tanto pelos agressores, quanto pelas próprias vítimas, que têm dificuldade em se reconhecer como tais.
Pessoas como a professora Ayanda tem feito a diferença na vida de muitos jovens, ela sabe que todos são capazes de aprender. É papel da escola proporcionar experiências significativas e ajudar todos os alunos a fazer a diferença para um mundo melhor. Então, da próxima vez que você ouvir que determinada turma é "a pior", não fique quieto. Questione o que pode ser feito para que todos, inclusive os professores, revelem o seu potencial.
Usando o Twitter como um de seus principais meios de comunicação, Trump retuitou uma frase - "É melhor viver um dia como leão que 100 anos como carneiro" - atribuída a Mussolini. Quando, numa entrevista à televisão, lhe perguntaram "você quer ser associado a um fascista?", ele respondeu: "Não. Quero ser associado a frases interessantes." E então acrescentou: "E essa frase chamou sua atenção, não chamou?".
A maior crise brasileira não está nas aparências do que nós vemos e sofremos, mas na nossa recusa de olhar para onde sopram os ares do futuro e como fazermos as reformas que nos sintonizarão com ele. Estamos desorientados com o presente caótico e outra vez não nos sintonizamos com as forças do espírito do tempo.
Em um debate sobre gênero e política, Assucena explicou que as travestis são vistas como seres da meia noite e que colocar a cara no sol é uma revolução. Que cada vez mais o Sol e os holofotes estejam virados para mulheres como ela. A revolução, amigos, é trans e negra.
Parece filme de comédia, tipo pastelão, mas é um terror da pior espécie que assistimos no País. A chegada do governo interino é uma afronta a todas as conquistas democráticas nos últimos 13 anos. Acabaram com tudo em 6 dias, varrendo direitos e protagonismos sociais para debaixo do tapete deles já altamente imundo.
A já tão afetada imagem do Brasil, interna e externamente, não pode ser arrastada nesse turbilhão de interesses obscuros, já que o momento clama por transparência e ações pautadas pela ética. Sabemos bem, e a história atual nos confirma, que só os que devem, tem a temer.
Em todo caso, não adianta termos ilusão. Teremos um par de anos de vacas magras para colocar em ordem a bagunça gerada pelos anos Dilma-Mantega-Tombini. Mas ainda é cedo para avaliar as políticas econômicas do governo Temer. Até agora há pouco de concreto e muito de especulação.
Se em algum momento da minha infância e adolescência eu tivesse sido preso, meu destino seria outro. Teria, com certeza, minha vida abreviada pela pesada arte da sobrevivência. Por isso sou contra a redução da maioridade penal, pois do contrário eu não estaria aqui.
No caso de Lula e Dilma, a decisão, apesar de oficial, também levanta questões. A divulgação desta conversa teve forte impacto no andamento do processo de impeachment, sendo inclusive uma das razões levantadas por muitos dos deputados contra a presidente.
Essa é a sociedade que precisa, diante de um vídeo de violência, não buscar pelos agressores, mas revirar a vida da vítima em busca de indícios de um desvio de moralidade que justifiquem a violência vivida. Essa é a sociedade que vai dizer que as mulheres provocam os homens e que se respeitassem a si mesmas não utilizariam determinadas roupas ou buscariam determinados espaços; Essa é a sociedade que constrói uma masculinidade tão monstruosa que dá a licença para que todos os homens que assim o desejem, sejam agressores.
Entre as medidas que chamaram atenção esteve o rebaixamento da Secretaria de Políticas para as Mulheres, que perdeu seu peso de Ministério. Já seria preocupação o suficiente, ainda mais considerando que as outras Pastas são todas chefiadas por homens brancos, mas o presidente interino mostrou que sempre pode piorar e indicou a ex-deputada Fátima Pelaes para chefiar a Secretaria daqui para a frente.
Não foi apenas seu choro angustiado e cheio de medo que motivou a escrever aquelas hesitantes palavras na minha "timeline". Foi principalmente sua desconcertante resposta quando perguntei o que poderia fazer para acalmá-la: "Rodrigo, eu quero a sua sensibilidade".
Dona Maria, não queremos mais um Brasil das telas de Debret. Não queremos mais uma raça sendo escravizada, com seus direitos cerceados e sendo massa de manobra para servir a família tradicional da zona sul carioca. Não há mais espaço no Brasil para quem pensa em superioridade racial. Não há mais espaço no Brasil para quem mascara o racismo com a típica frase: "não foi isso que eu quis dizer".
A menina estuprada pelo bando nos autoriza a ignorar a sensibilidade dos homens pacíficos aos corpos das mulheres. A eles, pedimos que não se ofendam por usarmos o genérico "os homens estupram mulheres". A eles, pedimos que não venham com relativismos tolos de que o crime de estupro não tem sexo. A eles, pedimos que subvertam pensamentos, comportamentos e linguagens para que possam garantir o direito à vida das mulheres.
Em meio a isso tudo, tenho inúmeras dúvidas e uma só certeza: nós todos que nos preocupamos com questões humanitárias, com a defesa de valores relacionados à noção de "direitos humanos", precisamos urgentemente desenvolver modos empáticos de dialogar, juntos, contra o horror.
Um caso como este faz lembrar quem somos e o caminho longo que temos. Não vamos nos calar. Vamos falar até por aquelas que não podem falar por si mesmas. Vamos renascer em cada gesto, em cada lágrima. Somos mais bonitas quando ficamos juntas. E quando ficamos com raiva.
Cresci ouvindo que mulher tinha que se vestir de um jeito e não de outro. Que não podia rebolar muito. Que vestido curto era coisa de puta. Que dependendo da minha atitude, da minha roupa a noite, eu estaria pedindo pra ser estuprada. Que assobios e gritos de "gostosa" de homens na rua, era coisa boa, que deveria me deixar com a autoestima no topo. Que "mulher que dá na primeira noite" é puta. Que "puta não merece respeito". Que se eu for estuprada, "a culpa é minha por causa da roupa, do horário ou de onde eu estava".