Nobres deputados, ao contrário de vocês e do que vocês fazem, nós pessoas transgênero não queremos tirar direitos de ninguém. Apenas queremos viver nossas vidas, e termos nossas vidas plenamente respeitadas. Vocês não tem motivos reais para nos temer, mas nós sim. Nós temos pavor de vocês, nobres deputados.
O governo Temer é um governo realista. Com isso quero dizer que é um governo que não tem um ideal ou uma filosofia de fundo, mas sim um que está preocupado com sua estabilização no poder e na tentativa de perpetuação de suas elites políticas. Uma oposição idealista, ou seja, comprometida com uma agenda política ou com questões de princípio, precisa ter isso em mente.
É muito comum que estrelas sejam crucificadas por atacar questões "sérias" ou "feministas". Mas a realidade é que elas têm o poder de colocar certos temas sob os holofotes, algo que nós não temos como fazer. As mulheres são apenas um grupo cujas vozes costumam não ser ouvidas. Sinceramente, deveríamos comemorar quando pessoas em posição privilegiada, e que têm a atenção do público, levantam essas questões.
A punição às mulheres será, como sempre, mais dura. Será mais dura às mulheres negras E mais dura ainda às que são mães, da periferia, pobres, lésbicas. Ser maioria da população nunca valeu tão pouco. Já dizia Simone de Beauvoir que nunca devemos esquecer que os direitos das mulheres são sempre revistos numa crise política.
E essa ponte jamais pode ser feita com o argumento de que "a informação está por aí". "Está tudo na internet". Entre tantas lendas urbanas e informações desatualizadas, quem resguarda o jovem contra esse des-conhecimento? O caminho fácil não vai fazer frear o aumento de casos entre a juventude. Precisamos sentar, nós e eles (ou vocês e nós, dependendo de onde você se encaixar) e vencer o conflito entre as duas gerações.
E se a desaprovação permanecer alta e durante um longo período de tempo, estarão dispostos o PSDB, por exemplo, disposto a ferir suas chances de vitória nas próximas eleições presidenciais em nome de um "governo de salvação nacional"?
A prevenção é educar e sensibilizar todos os setores da sociedade, reduzir os níveis de vulnerabilidade das populações em situação de risco social e exercer uma permanente vigilância social. Afastar as crianças e adolescentes da situação de exploração assegurando o cumprimento dos seus direitos básicos: educação, saúde, convivência familiar e comunitária e atenção integral. A responsabilidade é de todos nós, quando uma criança ou adolescente é vitima de violência sexual não falham só as instituições estatais, falhamos eu e você, toda a sociedade.
Mas não há razão para acreditar na narrativa de golpe, se o procedimento estiver seguindo as normas, leis e ritos constitucionais, conforme seguiu no caso do ex-presidente Fernando Collor. Esta narrativa é, porém, um direito do partido na estratégia eleitoral para 2018. É lamentável, porém, que o partido das "teses" tenha se transformado no partido das "narrativas".
É fácil de entender por que nunca escutamos o termo "pais que trabalham". E é fácil ver por que o Facebook começou um desafio viral no começo de fevereiro, pedindo para que as mulheres ao redor do mundo compartilhassem "cinco razões pelas quais sou uma mãe feliz". Nada para os pais incríveis. Nada. Porque, provavelmente, eles estão todos coçando o saco e vendo o jogo de futebol, certo?
Aristóteles dizia: a natureza tem horror ao vácuo, ele não existe. Muita gente já adaptou essa frase para a política: se você deixa um lugar vazio nela, logo alguém o ocupa. Penso que a crise dos últimos ano e meio tem tudo a ver com sucessivos vácuos que foram sendo, um a um, ocupados.
Olho para a minha foto aos 13 anos, me vejo nesses prints, me vejo nessas meninas e nesses comentários. Sinto profunda compaixão por todas elas. Mas também sinto dor. Muita dor. Sinto um profundo desejo de que elas se encontrem, se amem, se perdoem. E que, se assim o desejarem, assim como eu, possam encontrar um amor saudável que as façam genuinamente felizes, sorridentes e livres. Essa sou eu, aos 13.
A fusão do Ministério da Educação ao da Cultura e a criação do Ministério da Justiça e da Cidadania, incorporando o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos são também reflexos da baixa prioridade dadas aos temas, que agora em diante, não apenas disputarão espaço na agenda pública como também no orçamento. (E, por falar em baixa representação, não sem surpresa o ministério de Temer é composto por homens, heterossexuais e de origem branca.)
Além disso, existe todo um conflito em torno do ideal distorcido de que toda mulher verdadeiramente empoderada deve rejeitar a ideia de casar e ter filhos. Moça, isso é falso! O que toda mulher verdadeiramente empoderada faz é se questionar sobre as razões que a levam a querer o que ela quer.
Nunca existiu nenhuma campanha popular contra a corrupção. A corrupção nada mais é do que o instrumento de grupos políticos pré-estabelecidos em um sistema corrupto para atacar seu rival, geralmente da situação (governo). Quando o cenário muda de lado, é a vez desse grupo político se defender das acusações.
O termo armário-cápsula é antigo: surgiu na década de 70 com a estilista Susie Faux. Dona de uma loja chamada "Wardrobe", ela acreditava que um guarda-roupa ideal consiste em poucas peças essenciais que nunca saíssem de moda. Em 2014, uma norte-americana chamada Caroline Rector resolveu se aprofundar nesse conceito e criou o "un-fancy" um blog onde ela conta suas experiências com um armário restrito e compartilha seus looks com poucas peças e bastante criatividade, inspirando suas leitoras e outras blogueiras jovens.
Ao lhe escrever esta carta me encontro com momentos da História de nosso País. Da luta pela emancipação de milhões de brasileiros como cidadãos plenos de direitos, aos embates políticos que, sustentados na diversidade e nas demandas da nação por desenvolvimento e reafirmação da sua identidade, soberania e ampliação da democracia. Nessas trincheiras estivemos juntas.
Na China, com sua população enorme, esperava ainda que tudo ficasse aberto 24 horas e, durante à noite, estaria tudo lotado. Como qualquer cidade, as pessoas trabalham durante o dia em horários normais. Andando à noite para ver a vida noturna no centro de Xangai e Hong Kong, vi que tudo ficava praticamente vazio. Pensava "cadê as 1,3 bilhão de pessoas"? Em casa, descansando como pessoas "normais". Com tudo isso dito, agora, digo a vocês: vão para China! Vale muito uma visita e, se bobear, várias outras.
Há uma tragédia humanitária em curso cujas vítimas são as mulheres nordestinas e rurais. Há meses deixamos de falar da epidemia. É como se não houvesse mais o espanto com os números da vigilância epidemiológica: são quase 7 mil crianças notificadas com microcefalia ao nascer, mais de mil delas com diagnóstico confirmado para a síndrome congênita do zika.
Eu não sinto alívio, mesmo quando deveria. Não seguirei tranquila porque eu sei que todas essas sensações eu divido com milhares de mulheres neste mundo cheio de machismo e violência; uma brutalidade psicológica que criaram em nós desde o dia em que nascemos. O resultado segue negativo enquanto a sociedade não entender que nós somos donas de nossas próprias vidas, nosso corpo e nossa mente. Enquanto isso não for possível, não será um teste de farmácia que me trará de volta o sono.